José Sócrates y José Luis Rodríguez Zapatero ya están en Braga para la XXIII Cumbre Ibérica. Hoy y mañana en una de las ciudades más dinámicas de Portugal se van a estrechar lazos y profundizar en acuerdos. Queda lejos el viejo adagio portugués de que "Lisboa, canta, Porto, trabaja y Braga, reza", hoy en una sociedad plural han desparecido los esterotipos y será en el Mosteiro de São Martinho de Tibães donde se pondrán nuevos cimientos a una realidad que no tiene vuelta atrás.
En la ciudad de Francisco Soares Mesquita Machado que desde as eleições autárquicas portuguesas de 1976, es el Presidente da Câmara Municipal de Braga, tendo sido sucessivamente reeleito (1979, 1982, 1985, 1989, 1993, 1997, 2001 e 2005) nas listas do PS. Vaya récord tiene el compañero y como siempre aparecen en estas Cumbres Ibéricas el Grupo dos Amigos de Olivença a contarnos de nuevo la cantinela: "Olivença é nossa".
Neste sentido, uma delegação do Grupo estará presente em Braga, junto ao local onde vai realizar-se a Cimeira Luso-Espanhola, em Braga. A ocasião será aproveitada para entregar uma carta aos dois chefes do Governo, onde será explicada a sua posição sobre a questão de Olivença, que consideram ainda estar por resolver.
«O Grupo dos Amigos de Olivença, com a legitimidade que lhe conferem 70 anos de esforços pela retrocessão do território, lança o desafio aos Governantes dos dois Estados para que, no respeito pela História, pela Cultura e pelo Direito, dêem início a conversações que conduzam à solução justa do litígio».
António Marques explica que a intenção é convencer o Governo português a «levar por diante a sustentação dos direitos de Portugal, aguardando que o Governo de Espanha reconheça a ilegitimidade da sua presença nas terras oliventinas». Aliás, segundo o presidente do Grupo, a posição nacional, em termos formais (segundo declaração recente), continua a ser a mesma: Olivença é território português. O que na prática não existe.
«O Grupo dos Amigos de Olivença, com a legitimidade que lhe conferem 70 anos de esforços pela retrocessão do território, lança o desafio aos Governantes dos dois Estados para que, no respeito pela História, pela Cultura e pelo Direito, dêem início a conversações que conduzam à solução justa do litígio».
António Marques explica que a intenção é convencer o Governo português a «levar por diante a sustentação dos direitos de Portugal, aguardando que o Governo de Espanha reconheça a ilegitimidade da sua presença nas terras oliventinas». Aliás, segundo o presidente do Grupo, a posição nacional, em termos formais (segundo declaração recente), continua a ser a mesma: Olivença é território português. O que na prática não existe.
En vez de hablar de lo que nos interesa a ambos países, algunos, siguen dando la matraca, yo modestamente les aconsejo que hablen con el Presidente de la Junta de Extremadura, Guillermo Fernández Vara, oliventino de nacimiento, para que les convenza que lo importante es avanzar juntos y olvidarnos de milongas.
Buena cumbre y éxitos a todos, incluidos a los barandas irredentistas que dejarán de serlo a partir de que hablen con un oliventino.
11 comentarios:
É muito simples, é só fazer um referendo em olivença com a seguinte pergunta:
Quer ser espanhol ou português?
É que ninguém se preocupa com a opinião de quem lá vive, eles é que sabem o que querem, e a resposa esta até muito fácil de adivinhar, a não ser que sejam todos masoquistas
O que os espanhóis queren e tomar conta do nosso pais.....da Espanha nem bos ventos nen bom casamentos.
Mas persiste alguma dúvida que Olivença é terra portuguesa? Já está na hora dos castelhanos devolverem aquilo que cobardemente nos roubaram. Que se comprometeram a devolver e ainda não o fizeram. Basta, é hora de dizer alto e bom som: queremos que cumpram o que já à muito deveriam ter cumprido. Os castelhanos não prestam, sempre nos quiseram arruinar, sempre levaram pela medida grande. A ocupação de Olivença é a forma que encontram para se sentirem menos frustrados. Respondendo a alguns que dizem que se deve fazer um referendo ao habitantes, apenas os interrogo sobre se as suas casas fossem assaltadas e ocupadas por um bando de ladrões iam fazer um referendo aos novos ocupantes para saber se as queriam devolver? Quem em livença quiser ser espanhol, bom remédio que seja espanhol, até pode là ficar a viver como residente em território português. Certamente que os trataremos melhor que os seus amigos fizeram aos nossos irmãos oliventinos.
Hay mucho saudoso, es una pena, pero de Braga saldrán cosas positivas para ambos países.
Ah, aprovecho para desearle a José Saramago que se recupere de su neumonía y salga pronto del Hospital de Lanzarote, lo necesitamos.
HIPOCRISIAS....
HIPOCRISIAS....
Mais uma vez, Portugal e Espanha vão encontrar-se ao mais alto nível. Vem aí eXXIII Cimeira Luso-Espanhola, no Mosteiro de Tibães, no Minho, em 18 de Janeiro de 2008. Tudo estará preparado para que haja mútuos elogios, se realce o bom momento das relações luso-espanholas, e outras banalidades. Banalidades que são de realçar. Ninguém que esteja de boa fé pode desejar que as relações luso-espanholas não sejam as melhores. E, insisto, luso-espanholas, e não ibéricas. Apenas porque, para se falar de Cimeira Ibérica, a rigor, teria de estar presente uma delegação de Andorra, e talvez um representante do governo da Colónia de Gibraltar. Um pequeno detalhe, reconheça-se que de pouca importância.
Mas... mais uma vez (é quase certo) não se falará da única disputa territorial pendente entre os dois estados. Olivença. Há amigos que mantêm temas "tabu" entre eles. Estranhos e perigosos amigos, que escondem ressentimentos que, caso algo corra mal, logo serão lembrados, de forma quase decerto chauvinista. A Europa conheceu situações desagradáveis na década de 1990 por causa de alguns temas "esquecidos" que se queria pensar mortos e enterrados.
No caso de Portugal e Espanha, e do território de Olivença, a hipocrisia é mesmo lamentável, e não só pelas belas declarações de intenções que sempre surgem nestes encontros. Também porque tudo isso esconde um facto: Portugal até explora uma Barragem em situação de vantagem por causa deste desacordo territorial (Alqueva).
É preciso é que não se fale nisso.
Assim se mantám a fachada
Estremoz, 17 de Janeiro de 2008
Carlos Eduardo da Cruz Luna
NOTA: Muchas veces Portugal ha querido un referendo en Olivenza. La última vez fué en 1930, pero España no ha respondido. Después lA DESPERSONALIZACIÓN DEL FRANQUISMO, ya habla de eso. Una lástima que no lo acepte para Gibraltar. Dualidades...
LLAMAMENTO A ESPAÑOLES Y PORTUGUESES
LLAMAMENTO A ESPAÑOLES Y PORTUGUESES PARA SALVAR UNA LENGUA EN UN LUGAR DONDE LA LENGUA PORTUGUESA (VARIEDAD ALENTEJANA...) ESTÁ EN AGONIA. SALVAR EL PORTUGUÉS EN OLIVENZA (Incluye reflexiones de un joven local de 28 años)
Carlos Eduardo da Cruz Luna
En 1840, treinta y nueve años después de la ocupación española (1801), el portugués fué prohibido en Olivenza, inclusive en las Iglesias. Todavia, fue sobreviviendo, en una deliciosa tonada alentejana, que luego las autoridades, vigilantes, clasificaron como "chapurreo", lo que creó complejos de inferioridad en los utilizadores, llevándolos, cada vez más, a usar la Lengua Tradicional apenas a nível casero, dentro de la protección del hogar. Con estos condicionantes, después de doscientos años de presión, es entendido y hablado por cerca de, al menos el 35% de la población, según cálculos de la Unión Europea (Programa Mosaic). Como sucede, con todo, en estes casos, en cualquier punto del globo, el portugués fué perdiendo prestigio. No siendo utilizado nunca en documentos oficiales, en la toponímia (salvo si es traducido y tergiversado), o en cualquier otra situación que reflejase la dignidad de un idioma, se mantuvo, discretamente, a veces avergonzado. La dictadura franqu
ista empeoró la situación. En las décadas de 1940, 1950, y 1960, era rarisimo, cási imposible en algunos casos, encontrar profesores, policias, funcionarios en general, que fuesen hijos de la tierra oliventina, en la propia Olivenza. Colonizadores inconscientes, peones en una política general de destrucción de las diferencias por toda España. Por ironia de la historia, algunos de esos ciudadanos "importados", con mucho menos complejos que los naturales porque no tenían conflictos de identidad, o sus hijos, se pusieran a estudiar los aspectos "curiosos", "específicos", de la cultura oliventina, acabando por producir trabajos de valor sobre la cultura de su nueva tierra, que pudieran llamar para siempre, y sen contestación, Tierra Madre, por adopción, por pasión, o incluso por nacimiento. La democracia abrió algunas nuevas parspectivas, pero los fantasmas no desaperecerán del todo. Algunos cursos de portugués fueran surgiendo, con mayor o menor éxito. A veces al sabor de cuest
i
ones políticas, como durante la década de 1990. En 1999/2000, continuando en 2000/2001, la embajada de Portugal en Madrid, y el Instituto Camões, apoyaran la enseñanza del portugués en la Enseñanza Primária en todas las escuelas de Olivenza, incluyendo las aldeas. Apenas Táliga, antigua aldea de Olivenza, transformada en el siglo XIX en un município independiente, está aun fuera de este proyecto, para lo cual fueron elegidos, primero tres, después cuatro profesores portugueses. Es urgente acudir a Táliga, donde solo el 10% de la población todavia tiene algo que ver con la lengua de Camões. Se dio un primer e importante paso. Pero no ha sido suficiente. El Estado portugués deberá intentar influir més y tomar otras medidas, dada su posición sobre el Derecho de Soberanía sobre Olivenza: la enseñanza de la historia (que no se hace en ninguna parte en Olivenza), por ejemplo; la utilización prática de la lngua, en documentos oficiales, toponímia, etc.; continuación del estudio de
l
portugués hasta niveles de eseñanza mas avanzados; y tantas cosas más...! Por encima de todo, es preciso dar el portugués dignidad... y utilidad.Revalorizar el portugués que sobrevive, el qual, por ser una variante del habla lusa regional del Alentejo, es víctima de comentarios poco agradables. Se debe "hacer el puente" entre las viejas generaciones y los jóvenes alumnos. Enseñandoles, por ejemplo, a partir de ejemplos de la vija cultura popular y erudita oliventina, en el idioma de Camões, y que es aún, gracias a las memorias etnográficas y a algunos poets populares vivos. Porque, si no entienden que están dando continuidad a la cultura de sus abuelos, los jóvenes oliventinos difícilmente comprendrán que aprender la lengua lusa es muy diferente de aprender una lengua extranjera (Ingles, Francés, Alemán). Es preciso decir claramente que el portugués es imprescidible para que las nuevas generaciones comprendan lo que las generaciones anteriores quisieran transmitir. Por tod
o
esto, la situación actual no es famosa. Los estudios recientes hablan del "declive del portugués en Olivenza", en su uso coloquial, como un trabajo de la profesora Maria de Fátima Resende Matias, de la Universidad de Aveiro. Como decía un joven oliventino (Junio de 2007) a este respecto,[original en Portugués]«esto es una verdadera tragedia; después de poco más de 200 años, el portugués va a desaparecer en Olivenza; el alma de los pueblos es la lengua; la lengua y la memoria, es todo; en Olivenza van quedar solamente las piedras, las fachadas, de lo que fue su pasado portugués. No hay nada más triste que conocer que el fin va a llegar y nadie hace nada para evitarlo; ?nadie comprende que la muerte del último luso-hablante será la muerte del alma portuguesa, el fin de generaciones hablando portugués en las calles, en las casas, en el campo oliventino, a lo largo de más de siete siglos?». Y continua:[original en Portugués]«El artículo de la señora Fátima Matias explica perfec
t
amente las razones y el contexto de la agonia del portugués en Olivenza; pero...ahora ya no hay dictadura. Deberíamos estar orgullosos de tenar esta riqueza linguística y procurar la defensa y la enseñanza del portugués oliventino;(...) y, un poco también, el Estado portugués es también responsable; con independencia de cuestiones de índole soberanista, debería implicarse en la promoción del portugués en Olivenza y no solamente no reconocer la soberanía española y no hacer nada.» Es de aplaudir lo que se hace hoy, pero es imprescidible algo más. Hacer un estudio del portugués-alentejano hablado en Olivenza, y unir el mismo al portugués-patrón enseñado en las Escuelas, de este modo estabelecer la unión entre las generaciones y producir una normal continuidad lo quedebería naturalmente haber ocurrido. Así se corregirá la distorsión introducida por la presión del castellano. Este estudio puede ser hecho por quien demuestre ser capaz de hacerlo: portugueses, pero también algunos
especialistas y linguistas extremeños. A ningún estado (Portugal o España) se le podrá perdonar dejar morir una cultura. El aspecto político de la cuestión, que existe, puede ser secundarizado al máximo. El primer paso podrían ser unas jornadas, o un congreso, sobre el tema, que reúna la perticipación de especialistas y autoridades de diferentes orígenes, unidos por su buena voluntad...
Carlos Eduardo da Cruz Luna
carlosluna@iol.pt
UN APELO DIRECTO A JOSÉ SARAMAGO
UN APELO DIRECTO A JOSÉ SARAMAGO
(EM PORTUGUÊS E CASTELHANO)
(POR UN PROGRESISTA/"IZQUIERDISTA" PORTUGUÉS)
Hay lógicas que no consigo entender. Conozco a un escritor de gran valor que se bate por varias causas a nivel mundial. No sólo lucha contra los "males" del mundo, en una época en que el capitalismo salvaje dicta su ley sobre gobiernos, pueblo y naciones, sino que también lucha para que todos los pueblos tengan el derecho a gobernarse como entendieren. Estuvo hasta en Palestina, apelando a la independencia de ésta con relación a Israel. Apoyó la independencia de Timor Oriental. Apoya la idea de un Kurdistán independiente. Este hombre apela a que dejen decidir a los pueblos. Combate a las elites iluminadas que manipulan la voluntad de esos mismos pueblos. Se niega a aceptar que haya pueblos más o menos inteligentes que otros. Este hombre ha visto, desde 1989/1990, a innúmeros pueblos que reclamaban su independencia y su constitución en Estados
soberanos. Aún recientemente, vimos al pequeño Montenegro proclamar la independencia. El hombre en cuestión cita el ejemplo de países como Eslovenia como capaces de superar a Portugal, y sabe que la misma se separó de una unión mayor llamada Yugoslavia. Tal vez hasta haya oído al primer ministro danés comparar Portugal y Dinamarca, y decir que ambos son países pequeños con poca población (y, en esos aspectos, Portugal es superior), con un vecino poderoso, pero que hacen lo posible por sobrevivir y que, si Dinamarca fue capaz de convertirse en uno de los países más ricos del mundo, Portugal también lo podrá hacer. Nuestro hombre sabe que no se vislumbra, en Europa, ningún movimiento de retroceso con relación a independencias adquiridas hace menos tiempo que la de Portugal. Nadie tiene conocimiento de que los Países Bajos se quieran reintegrar en Alemania, o Bélgica, o parte de ella, en Francia. Sabe, y lo
dice, que uno de los problemas de las elites en Portugal, a lo largo de los siglos, es su desprecio por el pueblo que las sustenta y la tentación de la riqueza fácil "adquirida", si es necesario, vendiéndose al extranjero. Sabe que el propio pueblo ha barrido a esas elites. Este hombre es de izquierdas, republicano, laico, antiimperialista. Este hombre se llama José Saramago, y recibió un Premio Nobel por lo que escribió en lengua portuguesa, llenando de alegría a muchos compatriotas. Pero este hombre no aplica a su país lo que defiende para el resto del mundo. Cree que el pueblo del cual es hijo es menos inteligente que los demás. Cree que no tiene derecho a la independencia. Como las elites que critica, cree a los portugueses incapaces de gobernarse solos, y hace gestos al extranjero... incluso cuando éste está gobernado por una monarquía... que nació después de una guerra brutal que aplastó a sus compañeros
ideológicos (¡nótese que os actuales monarcas no tuvieron la culpa!). Peor: cree que, "sin arrimarse" a un "padrino" poderoso, no puede subsistir, porque no ha sido capaz de gobernarse solo. Y cree esto después de 850 anos de independencia... con sus sus altibajos, naturalmente.... pero en que ha resistido a todo y a todos. Saramago, Saramago, mi estimado Nobel: aplica a tu pueblo lo que deseas para los otros. No crees, en quien adora tu literatura, problemas de conciencia. Por una vez, copia un poco la altivez de la España que admiras y aplícala a tu país. Contribuye a la salida de la crisis, apelando al amor propio de todos nosotros, en vez de agravar nuestros síntomas depresivos. Acuérdate de tu libro "Levantado del suelo". Carlos Eduardo da Cruz Luna(um lector/apreciador de la obra de Saramago)Estremoz, 16 de julio de 2007
Traducido del portugués al español o castellano.
APELO DE UM MARXISTA A SARAMAGO
Há lógicas que não consigo entender.
Conheço um escritor de grande valor que se bate por várias causas, a nível mundial. Não só luta contra os "males" do Mundo, numa época em que o Capitalismo Selvagem dita a sua lei sobre governos, povo, e nações, como luta para que todos os povos tenham o direito de e governar como entenderem. Esteve até na Palestina, apelando à Independência desta em relação a Israel. Apoiou a independência de Timor. Apoia a idéia dum Curdistão independente.
Este homem apela a que deixem os povos decidir. Combate as elites iluminadas que manipulam a vontade desses mesmos povos. Nega-se a aceitar que haja povos mais ou menos inteligentes.
Este homem viu, desde 1989/1990, inúmeros povos reclamarem a sua independência e a sua constituição em Estados soberanos. Ainda recentemente, vimos o pequeno Montenegro proclamar a Independência.
O homem em questão cita o exemplo de países como a Eslovénia como capazes de ultrapassar Portugal, e sabe que a mesma se separou duma União maior chamada Jugoslávia.
Talvez tenha até ouvido o Primeiro-Ministro dinamarquês comparar Portugal e a Dinamarca, e dizer que ambos são pequenos países com pouca população (e, nestes aspectos, Portugal é superior), com um vizinho poderoso, mas que fazem o possível por sobreviver, e que, se a Dinamarca foi capaz de se tornar um dos países mais ricos do mundo, Portugal também o poderá fazer.
O nosso homem sabe que não se vislumbra, por essa Europa fora, nenhum movimento de retrocesso em relação a independências adquiridas há menos tempo que Portugal. Ninguém tem conhecimento de que a Holanda se queira reintegrar na Alemanha, ou a Bélgica, ou parte dela, na França.
Sabe, e di-lo, que um dos problemas das elites em Portugal, ao longo dos séculos, é o seu desprezo pelo povo que as sustenta e a tentação da riqueza fácil "adquirida", se necessário, vendendo-se ao estrangeiro. Sabe que o próprio povo tem varrido essas elites.
Este homem é de Esquerda, Republicano, Laico, Anti-imperialista.
Este homem chama-se José Saramago, e recebeu um Prémio Nobel pelo que escreveu em Língua Portuguesa, enchendo de alegria muitos compatriotas.
Mas este homem não aplica ao seu País o que defende para o resto do Mundo. Acha que o povo de que é fiho é menos inteligente que os demais. Acha que não tem o Direito à Independência. Como as elites que critica, acha os portugueses incapazes de se governarem sozinhos, e acena ao estrangeiro... mesmo quando este é governado por uma Monarquia... que nasceu depois de uma guerra brutal que esmagou os seus companheiros ideológicos (ressalve-se que os actuais monarcas não tiveram a culpa !). Pior, acha que "sem se encostar" a um "padrinho" poderoso, não pode subsistir, porque não tem sido capaz de se governar sozinho. E acha isto depois de 850 anos de independência... com os seus altos e baixos, naturalmente.... mas em que resistiu a tudo e todos.
Saramago, Saramago, meu caro Nobel: aplica ao teu povo o que desejas para os outros. Não cries, em quem adora tua Literatura, problemas de consciência.
Por uma vez, copia um pouco a altivez da Espanha que admiras, e aplica-a ao teu País. Contribui para a saída da crise, apelando ao amor-próprio de todos nós, em vez de agravares os nossos sintomas depressivos. Lembra-te do teu livro "Levantados do Chão".
Carlos Eduardo da Cruz Luna
(um leitor/apreciador da obra de Saramago)
Estremoz, Setembro de 2007
Recibida en mi correo carta, amable y cordial de D. Carlos Eduardo da Cruz Lena en el día de hoy la publico en el blog para darle el contenido que merece la visión de este ciudadano portugués, alentejano y que merece todos mis respetos, ambos compartimos muchas cosas y es de justicia.
RAZÕES PORTUGUESAS , TEXTO DE 1999 PARA UMA REVISTA ESPANHOLA DE ESQUERDA RAZÕES PORTUGUESAS , TEXTO DE 1999 PARA UMA REVISTA ESPANHOLA DE ESQUERDA RAZÕES PORTUGUESAS RAZÕES PORTUGUESAS
A QUESTÃO DE OLIVENÇA: UMA VISÃO PORTUGUESA
por CARLOS EDUARDO DA CRUZ LUNA
Publicado na Revista "O Pelourinho",Badajoz, Abril 1999
Confesso que me sinto um pouco apreensivo ao começar a escrever esta visão portuguesa sobre a tão discutida "Questão de Olivença". Isto porque os preconceitos e, vamos lá, os disparates e medo que rodeiam esta problemática a tornam de difícil análise sem suscitar risos de troça, entusiasmos, ou gestos de raiva.
Talvez um artigo como este, desassombrado e directo, seja o melhor caminho para se discutir esta questão com mais respeito e menos agressividade, o que não quer dizer que se acabem com os argumentos, nem com a paixão posta neles. Antes pelo contrário !!!
Vou mesmo citar alguns dos argumentos e opiniões mais despeitados. Peço que me leiam como um Português Médio, conhecedor da Questão Oliventina segundo os Argumentos Portugueses, irritado com algumas das afirmações espanholas mais ouvidas e que mais considera erradas. A frontalidade, nestes casos, é, às vezes, uma boa forma de cura!
Falar de Olivença é falar de algo que dói. O Português, em geral, teme a Espanha, e desconfia das intenções desta em relação a Portugal. Olivença é a expressão mais sentida desses receios.
Os disparates não tardam. Muita gente crê que Olivença foi trocada por Campo Maior. Isso é uma falsidade histórica, alimentada pela Ditadura. Olivença e outras localidades passaram para Portugal em 1297, pelo Tratado de Alcañices. Outros povoados passaram então para Castela-Leão.
Depois, há quem afirme que Olivença é tipicamente espanhola e os seus habitantes puros espanhóis. Evidentemente que, face às autoridades espanholas, isso assim será. Contudo, consultar uma Lista Telefónica e ler a enorme quantidade de apelido portugueses em Olivença, ou ir à Localidade e encontrar quase só Monumentos Portugueses, construídos entre os Séculos XIII e XVIII, não contribuem para convencer um Português. Pelo contrário, convence-se que algo, nessa história, não bate certo.
Impressiona o esforço de alguns para inventar uma Olivença na História de Espanha. Ora, ela não existiu, a não ser em conflitos, na História da Maior Nação Ibérica. Toda a História de Olivença faz parte da História de Portugal, nas suas glórias e fraquezas. Olivença e o oliventino são, em Espanha, segundo uma visão portuguesa, uma presa de guerra. Claroque um oliventino não é discriminado. Mas sabe-se que já o foi e, de qualquer forma, o que é, actualmente, não o pode transformar num descendente de antigos espanhóis, porque ele é, e sempre, um descendente de Portugueses.
Diz-se que o Português falado em Olivença é um "chaporreo", um mau português. Só que, como essa forma de falar é comum a meio milhão de Portugueses do Alentejo, está-se a chamar errada à maneira de falar de muita gente. Em Portugal, não se fala só Português de Lisboa!
Ouve-se que em Espanha se vive melhor, e que o oliventino não quer ir de cavalo para burro. Esse rgumento, para além de ser uma forma interesseira de patriotismo, não tem em linha de conta que as situações económicas de Portugal e Espanha têm variado ao longo dos séculos, e que ninguém sabe, dentro de vinte ou trinta anos, como estará esse equilíbrio. E não digam a um Português que a Espanha, sendo maior, tem mais desenvolvimento! A Suíça, a Holanda, a Bélgica, a Áustria, são países menores que Portugal mas mais avançados do que a Espanha. Também esta, um pouco maior que o Japão, está bem atrás deste!
Entre outros argumentos, diz-se que, em 1815, as poucas linhas dedicadas pelas grandes potências à questão de Olivença não obrigam claramente a Espanha a devolver o Território. Só que as poucas linhas dão, inicialmente, razão a um outro documento, onde se conclui ser ilegal a ocupação espanhola. Só a leitura completa dos documentos permite compreender o alcance das tais poucas linhas. E, não esqueçamos, a Espanha assinou as resoluções de então, ainda que só em 1817 por causa de questões italianas.
Talvez o que mais indignação cause em muitos portugueses sejam os argumentos simplistas, quase primitivos, e a dualidadede critérios, usados por alguns estudiosos e políticos espanhóis. Vejamos alguns.
Ouve-se dizer que Olivença é espanhola porque fica na margem esquerda do Guadiana. Ora, também o ficam as localidades portuguesas de Mourão, Moura, Serpa, e Barrancos, e isso não constitui óbice a que sejam reconhecidamente portuguesas. Por outro lado, sendo este argumento simplista, é tentador fazer um pouco de humor, e lembrar que ficam na margem DIREITA do rio em questão (e, portanto, pela lógica apresentada de que a Portugal cabe só a margem DIREITA do Guadiana) muitas localidades espanholas. Mérida, por exemplo. Levar este raciocínio às últimas consequências poderá levar a conclusões absolutamente hilariantes.
Também se diz que Olivença era um enclave português em terra espanhola, esquecendo-se que há outros territórios em igual situação. Barrancos, vila Portuguesa, ou Cedillo ou Baroncelli, vilas espanholas. Além disso, como um enclave muitas vezes subentende um enclave correspondente do lado contrário, resta provar se Olivença era um enclave Português ou se, em alternativa, eram Alconchel e Cheles um enclave espanhol entre as localidades portuguesas de Olivença e Barrancos. Será que as fronteiras entre Portugal e Espanha deveriam ser traçadas em linha recta? Ou, se os enclaves devem ser eliminados, o que vai suceder à catalã Llívia, encravada no Rossilhão francês? Como é possível, com seriedade, aceitar argumentos destes?
Discutir problemas com alguma racionalidade é uma coisa. Outra coisaé troçar da inteligência de cada um.
Alguns exemplos de dualidade de critérios? Também os há. Diz-se, por exemplo, que o Tempo resolveu o problema, desde 1801 até hoje (1999). Como pode um Português levar isto a sério, sabendo que a Espanha reclama Gibraltar, ocupada desde 1704? Estamos claramente diante de uma dualidade de critérios... acrecendo ainda que, considerando o Tempo como legimitador de ocupações, correremos o risco de assistir a anexações por todo esse mundo fora, bastando apenas que a anexação se prolongue no tempo para a tornar legal. Que campo favorável fica assim aberto a todos os imperialismos deste planeta!!!
O plebiscito em Olivença é muitas vezes proposto para resolver a questão. Aparentemente democrático, não o é porque se verificaram cerca de 170 anos de colonialismo. Até à décda de 1930, Portugal propôs plebiscitos em Olivença. O Estado Espanhol nem sequer resposta dava. Entretanto, uma educação exclusivamente espanhola moldava as mentalidades. Na época franquista, ser pró-português era inviável. Em mais de cem anos, castrou-se cultural, historica, e linguisticamente um povo, ao ponto de membros deste povo se envergonharem de si mesmos e da língua ancestral. Actualmente, depois da castelhanização desenfreada de muitos e muitos anos, já se considera aceitável o plesbicito. É evidente que, sem um período de informação/formação de algumas dezenas de anos, e sem estarem claramente garantidos os níveis de vida e Assistência Social adquiridos entretanto pelas populações, um plesbicito não pode ser considerado válido.
Mas ainda há mais! Ouçamos Abel Matutes (Ministro espanhol dos Assuntos Exteriores), a propósito de Gibraltar, em 26 de Setembro de 1997, não esquecendo que naquela colónia britânica 99% da população votou por continuar a ser governada por Londres: "Gibraltar é uma situação colonial por resolver (...); supõe um atentado contra a integridade territorial espanhola e não lhe é aplicável o Direito à Autodeterminação (...). O Território de Gibraltar era parte integrante de Espanha(...). (Prometo aos gibraltinos...)...uma oferta muito generosa que, depois da integração de Gibraltar em Espanha, permitiria aos actuais habitantes desta colónia conservar nos aspectos fundamentais a sua actual situação económica e jurídica."
(Note-se ainda que, se a anexação de Gibraltar foi, e infelizmente, mais ou menos legal, Olivença é vista como estando ILEGALMENTE ocupada desde 1807, ou 1815-1817. Todas as administrações em Olivença desde, pelo menos, 1817, são consideradas pelo Estado Português como ilegais!)
As palavras de Abel Matutes deixam muitos portugueses estupefactos, pois está-se perante o que consideram uma escandalosa, quase hipócrita, dualidade de critérios. Penso que não será preciso explicar detalhadamente porquê...
Há responsáveis que dizem que Olivença não tinha importância nos tempos portugueses. Isto é uma falsidade histórica, pois Olivença era a décima terceira cidade portuguesa no século XVI. Basta ver o Património Monumental Português em Olivença para se compreender que tal afirmação não pode ser verdadeira. E, como diz a História de Extremadura da Bibl. Pop. Extr. de 1993, "Em 1801, o território extremenho ver-se-ia repentinamente aumentado com a IMPORTANTE cidade de Olivença - ENTÃO TÃO GRANDE E POVOADA COMO BADAJOZ - conquistada a Portugal (...)". (trad. do espanhol)
Ouve-se também o argumento de que Olivença já tinha sido espanhola antes de ser portuguesa em definitivo em 1297. Ora, esta povoação e o seu termo (que incluía mais ou menos Táliga) tinham então pouca importância, como aliás outras povoações castelhanas e portuguesas, em virtude da indefinição de fronteiras. Só depois de 1297 as povoações então tornads de vez portuguesas e castelhanas foram de facto verdadeiramente povoadas e organizadas.
Este argumento dá a entender que a anexação espanhola de 1801 foi uma "recuperação de território". Ora, e dentro da LEGALIDADE, a Olivença de então era totalmente diferente da de 1297, quando seria uma aldeia, talvez fortificada em tempos, com quiçá duzentos habitantes. Após quinhentos anos de vivência LEGAL portuguesa, falar em recuperação é um contra-senso. Aliás, os apelidos oliventinos, mesmo nos nossos dias, são esmagadoramente portugueses... mesmo após a espanholização administrativa geral que sofreram.
Aprofundemos um pouco este aspecto. Imaginemos que Portugal ocupava Valéncia de Alcántara, que foi sua antes de 1297, e que, apesar de por um qualquer tratado ter de a devolver a Espanha, mantinha a localidade sob o seu domínio dizendo que tinha sido portuguesa até 1297! Como toda a vida organizada de Valéncia, bem como o seu povoamento, foram leoneses/castelhanos/espanhóis, mesmo porque em 1297 houve troca de populações, este argumento pecaria por ridículo ! LEGALMENTE espanhola desde 1297, Valéncia de Alcántara não podia ser alvo de uma tal argumentação, por ser absurda!
Também se diz que Olivença foi fundada, não por Templários Portugueses, mas sim por Templários Leoneses (o mesmo se aplicando a Táliga). Aqui, de facto, há mais dúvidas que certezas. Um excelente livro ("Oliveza y el Tratado de Alcañices", de Manuel Martínez Martínez, Ayuntamiento de Olivenza, 1997) equaciona as origens possíveis dos Templários que fundaram Olivença e Táliga, e, em minha opinião, conclui que, mais do que portugueses ou Leoneses, eram mais simplesmente Templários, fazendo um pouco o seu próprio e quase exclusivo jogo. Contudo, após alguns problemas em Castela-Leão, os Templários começaram a ser vistos como servindo os interesses dos Reis de Portugal. Afastados da Região Oliventina, terão influenciado o Rei Português (D. Dinis) a incluir o território dentro das fronteiras lusas, já que tinham sido eles os seus primitivos "reconquistadores" aos muçulmanos. Uma vingança, de certo modo.
Este autor argumenta com todo o cuidado, e o seu trabalho parece ser o mais completo e honesto publicado até ao momento.
Já não constitui um argumento muito válido considerar que a ocupação terá sido primitivamente leonesa pela posição geográfica e pela proximidade de Badajoz. Na corrida luso-"espanhola" de reconquista ao longo do Guadiana, tentaram os reis portugueses, contra até acordos já assinados, cortar o caminho aos seus vizinhos, ocupando as duas margens do Guadiana. Até Ayamonte foi ocupada pelo Rei Português Sancho II ! Nos territórios a Leste do Guadiana, vários povoados, hoje andaluzes ou extremenhos, tiveram origem portuguesa (casos de Aroche e Aracena). Com honestidade, poderá dizer-se que a situação na fronteira foi confusa no século XIII, até à assinatura do Tratado de Alcañices em 1297. As fronteiras então definidas foram mantidas até durante a União Ibérica de 1580-1640, com excepção de San Felices de los Gallegos, que leonesa-castelhana ficou, deixando Portugal de a reclamar, de vez, no século XV.
Ao longo do tempo, sempre políticos e organizações portugueses, para além do próprio Estado, têm reclamado Olivença e tentado resolver o problema. No geral, concordam todos num ponto: a ocupação espanhola é ilegal, pelo que há que estudar maneira deacabar com ela.
Não resisto a citar um argumento já ouvido mais de uma vez: Portugal não tem reclamado Olivença com força suficiente. Ora, isto pode significar que o Direito só é válido se puder ser imposto. Não há obrigações éticas, e, portanto, noções de honra ou de deveres de cumprimento de obrigações. Isto significa, em última análise, que se não é obrigado a cumprir o que se assina como correcto se a isso não se for obrigado pela força. O que leva qualquer pessoa a perguntar, algo estupefacto, se o que Portugal deveria ter feito era invadir a Espanha, em vez de esperar que esta cumprisse o que se considerava ser sua obrigação. Melhor ainda, não é honrado cumprir deveres, mas é honrado perpetuar uma ilegalidade! Será que os autores deste argumento têm consciência da lógica absurda em que caiem?
Voltando às tentativas de recuperação por psrte de Portgal... o que choca é vê-las classificar como demagógicas, isoladas, loucas, esquerdistas, fascistas... esquecendo SEMPRE que o próprio ESTADO PORTUGUÊS MANTÉM ESSA REIVINDICAÇÃO ! Aliás, usa-se uma técnica de estigma pela classificação política em polos diferentes. Assim, e só para nos ficarmos pelos tempos mais recentes, as autoridades espanholas franquistas classificavam como equerdistas as posições dos grupos portugueses que reclamavam Olivença, nomeadamente o Grupo dos Amigos de Olivença; e, de facto, em alguns movimentos, estavam opositores ao Salazarismo. Noutros, estavam alguns salazaristas. Muito honestamente, pode-se dizer que tai movimentações tinham pessoas de vários quadrantes.
Em 1975, os portugueses que reclamavam Olivença eram de extrema-esquerda, dizia-se em Espanha. Já em 1976 e 1977, eram classificados de salazaristas e saudosistas. Grandes contradições, na verdade!
Concretamente, o preconceito e o desprezo eram anota dominante. Por preconceito, chegou-se a classificar o Presidente do Grupo dos Amigos de Olivença em 1977 como Salazarista, num livro publicado na década de 1990, a partir duma informação de uma revista de 1975 ou 1976. O ridículo disto é que se tratava do Professor Hernâni Cidade, um dos maiores e mais populares opositores a Salazar, que, pelo seu prestígio internacional, e nacional português também, o ditador sempre teve de libertar logo após tê-lo mandado prender (deter). Assim, neste tipo de argumentação, chega-se ao grotesco, à difamação.
A Guerra Civil de Espanha tem sido também usada para denegrir Portugal na Questão de Olivença. É evidente que o papel de Salazar no conflito, ao entregar aos franquistas os refugiados espanhóis que sabia irem quase todos serem fusilados, e o apoio que deu ao ditador espanhol, são uma vergonha para Portugal e para os Portugueses. Não tenho pejo em afirmar que assumo como reprovável uma tal actuação, e que certamente os modernos democratas portugueses (porque os de então pouco puderam fazer) estão comigo, bem como o Povo Português em geral. E, todavia, as autoridades portuguesas, no meio da barbárie, tinham instruções para protegerem aqueles que provassenm ser oliventinos, através da correcta pronúncia de algumas palavras em Português. Com excepções pontuais, isso foi feito. Claro, o regresso de muitos oliventinos a casa foi cruel, já que as autoridades franquistas, receosas que alguns "comunistas" tivessem escapado graças à tolerância portuguesa, os perseguiram sem piedade
.E o ditador Salazar nada fez contra isso, já que ele próprio era ferozmente anti-comunista, e a Polícia Política Portuguesa também não conhecia a palavra piedade. Todavia, e criticando sempre e sem perdão o ditador português, há que dizer muito claramente que quem desencadeou a Guerra Civil, quem praticou massacres, quem matou e perseguiu, foram as autoridades espanholas, que, neste caso, foram mais carrascos que autoridades... como o povo espanhol deve saber muito melhor do que eu! E digo tudo isto porque, na crítica que se faz a Portugal relativa à Guerra e a Olivença, por vezes, julgar-se~ia que Salazar teve mais culpas que Franco! Ora, sem esconder responsabilidades, o que é de assinalar é que tanto Portugal como Espanha estiveram sob o Domínio de ferozes Ditaduras, que não podem ser esquecidas nem, muito menos, repetidas. O caso espanhol foi mais grave, pois o totalitarismo nasceu após uma Guerra, situação em que o humanitarismo, muito mais do que em outras situações, é esquecido.
Talvez o argumento mais traiçoeiro utilizado seja o de que Portugal não deve reclamar Olivença porque agora, na União Europeia, "já não há fronteiras"!
Antes de ser traiçoeiro, é falso: não há fronteiras enquanto BARREIRAS, mas elas existem administrativamente. Um Espanhol paga impostos a Madrid, um Português a Lisboa. Vive-se dentro dos limites de um País, de um Distrito, de um Concelho.
Mas... e voltando ao argumento de que agora "já não há fronteiras", ... se, de facto, as fronteiras já não têm o antigo significado e o peso nacionalista de outros tempos... por que diabo se insiste em colocá-la no Guadiana, diante de Olivença? Por que não colocá-la nas ribeiras de Olivença, Táliga, e Alcarrache? Aliás, a integração na União Europeia é até uma garantia para as populações de que o seu nível de vida, direitos, leis, não serão afectados. Nem sequer haverá problemas com trocas de nacionalidades, ou outras burocracias! Tudo mais fácil! A fronteira não tem importância? Tudo bem! Vamos colocá-la onde legalmente Portugal acha que ela se situa! A dizer-se não a isto, qualquer português pode pensar que, para a Espanha, só lhe interessa desprezar a fronteira quando isso lhe é favorável...
Creio já me ter alongado muito, mas espero ter dado uma idéia dos argumentos que mais causam alguma indignação em Portugal a propósito da Questão de Olivença.
O que magoa, mais do que tudo, é talvez o preconceito. Olivença é um assunto "tabu". Informação minimamente objectiva, é quase inexistente. Em compensação (?), demagogia, frases grandiosas, propaganda, indignação, Xenofobia, Chauvinismo, não faltam.
Não será tempo de se poder discutir este assunto, mesmo apaixonadamente, sem se cair em histerias nem atitudes ofensivas? Não se poderá dialogar, mesmo discordando?
Carlos Eduardo da Cruz Luna / Estremoz, 3 de Fevereiro de 1999 .
TE AGRADEZCO, MOLINA, POR ACEPTARES MIS TEXTOS ! Carlos Luna, 00351-939425126 carlosluna@iol.pt
19-Janeiro (Enero)-2008
O PRIMEIRO-MINISTRO PORTUGUÊS FALA DA QUESTÃO DE OLIVENÇA
Há jornalistas que nos fazem continuar a acreditar que a liberdade de opinião teima em resistir.
Assim sucedeu no final da XXIII Cimeira Ibérica de Braga, no dia 19 de Janeiro de 2008. Um jornalista da RTP teve a coragem de perguntar ao Primeiro Ministro José Sócrates o que pensava da presença, uma vez mais, de gente a questionar o problema de Olivença. Visivelmente surpreendido, o estadista português disse que tal presença se inseria no folclore habitual de tais eventos... esquecendo-se de referir que os "Amigos de Olivença" foram impedidos de exibir uma faixa ("Olivença é Terra Portuguesa"), salvo se a cinco (!!!) quilómetros de distância, sob ameaça de prisão. O Jornalista insistiu, referindo que talvez fosse tempo de abordar a questão em tais cimeiras. Sócrates repetiu-lhe que tal "situação" se verificava há quinze anos, e que, tal como sempre os vários primeiros-ministros o faziam, considerava tal um folclore. O profissional da Informação reformulou inteligentemente a pergunta, inquirido se, afinal, o problema de Olivença estivera ou não na agenda. O Primeiro-M
inistro disse simplesmente que não.
Não chegou, pois, ao extremo de dizer que o problema não existia, o que constituiria algo grave, dada a existência de documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, com menos de dois meses, em que é afirmado claramente que Portugal nada fará que ponha em causa os Direitos de Portugal sobre a Região de Olivença. Talvez Sócrates se tenha lembrado que as águas do Alqueva são quase exclusivamente portuguesas por causa de Portugal manter esta posição.
Compreende-se que, em nome do politicamente correcto, se evitem abrir feridas, de parte a parte, nestas cimeiras, embora seja muito discutível a sua real utilidade partindo destes pressupostos. Compreende-se que se façam concessões... e viu-se a rapidez com que o Governo Português prometeu mudar legislação para que os médicos espanhóis não vissem os seus carros multados em Portugal. Parece que nestas cimeiras há um estado que não deixa passar "nada em claro"(e faz muito bem !)e não adia problemas. Critérios, enfim!
É muito lamentável, todavia, a classificação de "folclore" para tais manifestações. Por um lado, faz recordar o episódio do barco português enviado a Timor com Ramalho Eanes como passageiro, que foi barrado por navios indonésios e classificado como "folclórico" por Jacarta. Sócrates, aqui, não foi feliz. Por outro lado, levanta algumas questões práticas: considerará Sócrates "folclóricas" as habituais contestações espanholas à presença britânica em Gibraltar? Ou insinuará que os "manifestantes por Olivença" deverão mostrar-se com trajes folclóricos oliventinos (alentejanos)? Talvez assim as autoridades não os impeçam de exibir uma faixa.
Devo a José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa respeito enquanto Primeiro-Ministro do meu País. Mas não sou obrigado a concordar com ele. E lamento que, falando em nome do País, produza tão infelizes adjectivações..
Estremoz, 19 de Janeiro de 2008
Carlos Eduardo da Cruz Luna
Caro amigo Carlos, é mesmo um prazer partilhar espaços com você já que esta é a maneira de respeitar a opinioes, plurais e diversas, que a questáo de Olivença tem nas spciedades dos nossos dois paises.
O futuro é de diálogo, nao de voltar a ser dois paises de costas viradas.
Com os melhores cumprimentos.
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