jueves, 22 de febrero de 2007

Zeca Afonso. 20 anos da sua morte


Zeca Afonso. A voz do povo.

As palavras do Zeca fazem todo o sentido.
Quero relembrar Zeca Afonso como um marco para a cultura portuguesa e alguém que contribuiu para que todos nós tivéssemos uma formação cívica actuante.
Na sua honra e homenagem uma mosntra do seu pensamento:
Curioso é que nós passamos 40 ou 50 anos de uma vida a fazer determinadas coisas e um dia mais ou menos de repente, sem que renunciemos a nada do que fizemos, apercebemo-nos de que tudo deveria ter sido diferente. É apenas uma vaga sensação que se instala, sem que saibamos defini-la muito bem. No fundo sou muito mais contraditório e supersticioso do que quis admitir ao longo dos anos."

"Eu sempre disse que a música é comprometida quando o músico, como cidadão é um homem comprometido. Não é o produto saído desse cantor que define o compromisso mas o conjunto de circunstâncias que o envolve com o momento histórico e político que se vive e as pessoas com quem ele priva e com quem ele canta.
"Não me arrependo de nada do que fiz. Mais: eu sou aquilo que fiz. Embora com reservas acreditava o suficiente no que estava a fazer, e isso é o que fica. Quando as pessoas param há como que um pacto implícito com o inimigo, tanto no campo político como no campo estético e cultural. E, por vezes, o inimigo somos nós próprios, a nossa própria consciência e os alibis de que nos servimos para justificar a modorra e o abandono dos campos de luta."

" Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão, seja a que nível for."
E se de todas as bocas saísse hoje a palavra liberdade?
E se saíssemos das casas conforto, comodismo E na rua olhássemos a miséria de frente, A hipocrisia que alastra, O egoísmo do eu feito preocupação diária?
E se em vez de sobreviver Vivêssemos?
E se a indignação fosse decreto, Obrigatoriedade, dever cívico a cumprir?
E se a miséria fosse crime público E quem a permite, julgado e condenado pela lei?
E se disséssemos ao Zeca; Olha pá, tentámos manter Abril vivo Mas os cravos hoje são todos sintéticos como a liberdade.
Olha Zeca, a malta perdeu a memória Esqueceu a história e não vai em revoluções Senta-se no sofá e faz zapping ao mundo.
E o povo Zeca, já não ordena O povo, Zeca, esqueceu o que é fraternidade!
A 23 de Fevereiro de 1987, aos 57 anos, José Afonso, natural de Aveiro, morreu no Hospital de Setúbal, vítima de esclerose lateral amiotrófica.
Até sempre velho amigo e camarada. Grândola é a vila morena e lá sempre é 25 de abril.

4 comentarios:

Anónimo dijo...

Caro ZECA .
Lembro-me de ti , em França mais concretamente em Boulogne Billancourt ( Fevereiro ou Março de 1971 )no Clube Português , onde pela 1ª vez ouvi A " GRÂNDOLA Vila Morena " , com dois ou trés pides na sala.
Estarás sempre presente , apesar de todas as rasteiras que ainda te fazem .( Exemplo o horário da tua homenagem na televisão do Estado , hoje dia 22-02-2007 ).Obrigado e até sempre. Zé - Nobre

Anónimo dijo...

O Zeca permanece vivo entre nós, quer enquanto exemplo a ser seguido, mas também através da sua arte, a ser revisitada todos os dias. Essa é a melhor das homenagens que lhe pode ser prestada.
Parece ter sido ontem que estava em Coimbra, ainda caloiro e soube que o Zeca nos tinha deixado. Recordo, nessa noite fria, dezenas de estudantes a percorrerem as ruas entoando canções do Zeca. O Mundo mudou, mas o Zeca e sua arte permaneceram e fazem parte de nós. É nosso património.
É preciso divulgar o Zeca. Depois do excelente trabalho do José Niza na reedição em CD de parte substancial da sua obra, permanecem alguns temas do Zeca inacessíveis em CD, como sejam os dois discos gravados no estrangeiro (um em Itália e outro ao vivo ne Alemanha) e um dos temas do EP Cantares (Oh Vila de Olhão). Deixo a sugestão de se envidarem esforços para que esses temas sejam também editados em CD.
E, já agora, porque não a edição conjunta de toda a obra gravada do Zeca, à semelhança do que já aconteceu com o Adriano e, mais recentemente, com o Paredes?
25 de Abril Sempre! Até sempre.

Anónimo dijo...

Parabéns pelo site! Fiquei muito comovido ao saber que ainda há quem se lembre deste homem de grande personalidade e coerência. Parabéns a todos e nunca esqueceremos o Zeca!

Anónimo dijo...

Parabéns pelo site! Fiquei muito comovido ao saber que ainda há quem se lembre deste homem de grande personalidade e coerência. Parabéns a todos e nunca esqueceremos o Zeca!